quinta-feira, 17 de maio de 2007
O Motoboy (final) por Diego Mincarone
Vou te contar, então, o que aconteceu com esse gordinho inútil. A próxima entrega? Não soube, nem vai saber. O que eu soube (ele, tenho certeza, nem viu) é sobre a próxima sinaleira. Estava verde, tudo certo para o gorducho, era só passar voando e seguir em frente. Estava verde, pra ser preciso, fazia uns vinte segundos; e lá ia nosso hipopótamo sobre rodas, faceiro. Estava tudo bem, achava ele. Coitado, nem viu aquele ônibus roxo, de dois andares, que cruzou o sinal vermelho e arremessou longe seu corpanzil gordo. Momentos de pavor se sucederam. Os outros motoboys, seus colegas, assustados, não acreditavam no que viam; os espectadores, ops, pedestres, estavam boquiabertos. Era o fim do gordinho. Era? Calma, ainda não. Após alguns segundos imóvel, nosso herói da barriga de chope começa a se mover, recobrar forças. Com muito esforço - ele é pesado, lerdo - se levanta. Tudo está bem agora, mas, de repente, blam, catapoft! E uma caminhonete cor de vinho, 2.0, passa por cima do infeliz. A massa enlouquece, forma-se uma multidão de atordoados em torno dele, todos incrédulos diante do que tinham acabado de assistir. Alguém, então, se aproxima daquele corpo inerte, sem vida para ver se há ainda um fio de esperança, mas só o que se pode perceber é um fio de sangue escorrendo pela boca e, por baixo da jaqueta de couro, a camisa de um certo time de futebol, conhecido por todos como Imortal Tricolor da Azenha. Puta que pariu, era gremista o desgraçado, e morreu duas vezes.
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2 comentários:
Muito bom o final, na verdade o jogo do Grêmio de ontem acabou dando o tom dramático de criatividade que o final merecia para a nossa história!
Valeu Diego!!
É, é triste, mas aconteceu. Nos resta rir da própria desgraça, he, he ,he!!
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