sexta-feira, 18 de maio de 2007

Na contramão da vida

Quem disse que é você que está na direção errada?!

Moradores da 24 de Outubro (Por Luciano Mariante)

Na 24 de outubro
Em qualquer janeiro ou maio
No muro putrefa o bagaço
E desagua nas águas de março

São almas de seres coitados
Moradores, sem teto, sem nada
Empurram carrinhos de ferro
Atrolhos de nada e mais nada

Disputam espaço entre ratos
Cachorros, formigas, baratas
A escória levada a sarjeta
Aos olhos da massa largada

E no vai e vem da calçada
Não é um e nem dois...uma manada
De gente sem nome, nem vez
Sem nada de nada e mais nada

quinta-feira, 17 de maio de 2007

O Motoboy (final) por Diego Mincarone

Vou te contar, então, o que aconteceu com esse gordinho inútil. A próxima entrega? Não soube, nem vai saber. O que eu soube (ele, tenho certeza, nem viu) é sobre a próxima sinaleira. Estava verde, tudo certo para o gorducho, era só passar voando e seguir em frente. Estava verde, pra ser preciso, fazia uns vinte segundos; e lá ia nosso hipopótamo sobre rodas, faceiro. Estava tudo bem, achava ele. Coitado, nem viu aquele ônibus roxo, de dois andares, que cruzou o sinal vermelho e arremessou longe seu corpanzil gordo. Momentos de pavor se sucederam. Os outros motoboys, seus colegas, assustados, não acreditavam no que viam; os espectadores, ops, pedestres, estavam boquiabertos. Era o fim do gordinho. Era? Calma, ainda não. Após alguns segundos imóvel, nosso herói da barriga de chope começa a se mover, recobrar forças. Com muito esforço - ele é pesado, lerdo - se levanta. Tudo está bem agora, mas, de repente, blam, catapoft! E uma caminhonete cor de vinho, 2.0, passa por cima do infeliz. A massa enlouquece, forma-se uma multidão de atordoados em torno dele, todos incrédulos diante do que tinham acabado de assistir. Alguém, então, se aproxima daquele corpo inerte, sem vida para ver se há ainda um fio de esperança, mas só o que se pode perceber é um fio de sangue escorrendo pela boca e, por baixo da jaqueta de couro, a camisa de um certo time de futebol, conhecido por todos como Imortal Tricolor da Azenha. Puta que pariu, era gremista o desgraçado, e morreu duas vezes.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Fio de Esperança

Cheguei a conclusão que a melhor coisa que a gente pode fazer para não se iludir é não ter muita esperança. Quando a gente têm demasiada esperança que algo aconteça, e realmente acontece, a emoção não é tanta, pois o sentimento já era esperado.

Quando a gente tem apenas um fio de esperança depositada, sofre menos na perda e vibra muito mais na vitória.

Acredito que não devemos perdê-la, mas acredito que a ilusão não alcançada é um grande passo para a tristeza.

São as fraquesas do ser humano..."não espere muito para não se decepcionar"...."tenha esperança, confie, e assim seu sonho se realizará"....

Perguntas com muitas respostas e poucas certezas! Ná dúvida, prefiro ser otimista e deixar me iludir, mas apenas, com um fio de esperança! :(

terça-feira, 15 de maio de 2007

O Motoboy

Pessoal, abaixo escrevo uma breve história que ainda não chegou ao fim!
Por favor, quem quiser, tem toda a terça e quarta para escrever como ela termina. A melhor será publicada. Se ninguém escrever, na quinta-feira, eu mesmo darei fim ao que iniciei!


Por Luciano Mariante

Cláudio é um motoboy demasiado gorducho. Gordo daqueles em que as calças não comportam a barriga, e esta, por sua vez move-se gelatinosamente a cada manobra do motoqueiro sobre a pobre moto. Uma motoca esfumacenta e estroncha! Que composta pelo peso de seu piloto, enconsta o amortecedor quebrado no pneu e causa um incessante odor de borracha queimada!!!

E lá vai Cláudio. Atravessa a cidade zunindo entre pessoas, carroças, carros e caminhões. Mais parecendo um malabarista equilibrando-se no fio da vida. A cada parada em cliente, desgruda a bunda suada do banco de couro rasgado da motoca e se dirige arrastadamente até seu destino. Antes de voltar a ativa, se demora comendo alguma guloseima, de preferência com alto teor de gordura e recheio de colesterol. De sobremesa, 3 cigarros.

De volta ao trabalho, corre para ganhar o tempo perdido. Aproveita lomba abaixo para ganhar velocidade. E assim vai Cláudio desafiando a selvageria do trânsito e mostrando-se um dos animais mais perigosos e ao mesmo tempo frágil - ao guidon de sua moto. É como uma lebre a enfrentar raivosamente predadores enormes.

Cláudio não sabe o que o espera na próxima entrega...

domingo, 13 de maio de 2007

Busca pela felicidade

A busca pela felicidade é uma batalha árdua. Complicada! Um feito vitorioso neste contexto é algo quase inatingível. Não que sejamos seres tristes a todo tempo, porém, a felicidade plena é nebulosa. Se esconde por detrás do tempo e se revela a doses homeopáticas, sendo interrompida, logo em frente, por algo que nos rouba os sentimentos de euforia da alma.

O que quero dizer é que, por mais que acredite que estamos nesse mundo, nessa vida, para vivermos com alegria, não é bem assim que "a coisa" funciona. Somos prisioneiros dos fatos. Sejam eles bons ou ruins! A verdade é que a felicidade plena e contínua apenas existiria se todas as áreas de nossas vidas fossem positivias, vigorosas e dignas, apenas, de sorrisos. Ora, mas como podemos alcançar o triunfo então, se quando estamos felizes no amor, estamos complicados no trabalho e lamentando alguma perda na vida pessoal?!

E assim se vão os dias. E se, por ventura, alguém experimentar um dia a felicidade plena, com toda a sua vida mergulhada em alegria, isto lá irá durar alguns dias; talvez meses: a ausência da tristeza e das adversidades, não nos permitiria aceitar a mesmice onde estaríamos felizmente envoltos, por muito tempo.

Acredito então, que a chave para uma boa vida, saudável e possivelmente mais alegre, está na apreciação de cada momento de satisfação, seja ele uma grande conquista, ou uma brisa fresca no verão. E por quê não, aproveitar aquilo que não é tão bom, para o crescimento nosso, como seres humanos?!

Nessa corrida pela felicidade, esbarramos no tempo....cada vez mais implacável, com nossos corpos e almas, mas isto é assunto para um outro dia!

Abraço
Luciano